Finanças Verdes no Agro

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O Brasil vem se destacando nos últimos anos como principal fornecedor mundial de alimentos, atendendo às crescentes demandas a nível global, –ao mesmo tempo em que conserva mais de 65% de sua vegetação nativa – gerando emprego e renda no campo e nas cidades.

O setor agropecuário brasileiro vem demonstrando forte compromisso com a produção sustentável, entregando safras consistentes em diferentes commodities como soja, milho, gado e algodão, com uma produção eficiente e alinhada com padrões internacionais de qualidade e sustentabilidade.

Em algumas regiões do Brasil, podemos chegar a três safras anuais, sendo a soja, o milho e depois o gado, promovendo um adequado uso da terra e otimizando recursos naturais com intuito de atender à crescente demanda por alimentos de maneira responsável. A oportunidade que temos atualmente é de organizar e mostrar nossas práticas, tanto para compradores como investidores, buscando diferentes benefícios ao produtor rural e garantindo uma produção sustentável e acesso a mercados no médio e longo prazo.

Para manter sua posição de liderança, além de terra, água e pessoas, outro fator importante para o sucesso do Brasil é a disponibilidade de crédito à atividade agropecuária. Existe uma preocupação crescente com o setor, especialmente considerando a atual situação fiscal do governo, o que causa redução significativa do crédito subsidiado para os agricultores. No entanto, historicamente, o financiamento via  tradings ou empresas de insumos tem suprido a necessidade e viabilizado a produção.

Considerando as boas práticas de produção agrícola no Brasil, abre-se caminho para o conceito de financiamento verde no agro, os chamados green bonds, que são títulos de dívida que tem o uso de recursos relacionado a práticas sustentáveis, que promovam redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) através de produções de baixo carbono.

Os green bonds já vêm sendo utilizados por grandes empresas e recentemente por produtores rurais para financiar custeio e investimento em práticas sustentáveis no Brasil e se apresentam como opção viável ao crédito rural, gerando benefícios iniciais de imagem e reputação, buscando vantagens de taxas em um futuro próximo.

Segundo a Climate Bonds Initiative, ONG britânica que sistematiza as normas do que são práticas sustentáveis em diversos setores da economia, a agricultura brasileira pode receber financiamentos de R$ 700 bilhões até 2030, especialmente considerando o grande potencial do produtor brasileiro atender os critérios de elegibilidade para green bonds, fornecido pela CBI.

Sem dúvida, as finanças verdes vieram para ficar e deverão fazer parte das fontes de financiamento do setor agropecuário nacional, apoiando e incentivando a adoção de boas práticas produtivas, diversificando as fontes de financiamento e atendendo a compromissos de clientes e investidores, que estão cada vez mais em busca de um produto com origem sustentável.

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